Por este ano ser o ano do Centenário do nascimento de Romeu Correia, temos investigado muito do que escreveu o autor almadense.
Um dos artigos que nos surpreenderam positivamente foi publicado no "O Académico" de Junho de 1977 ("Hilário Ferreira - uma dádiva total ao Povo de Almada"), em que Romeu presta homenagem aos dois homens fundamentais, António Henriques e Hilário Ferreira, para o reatar de relações entre a Incrível e a Academia Almadense, durante o ano de 1948, em que se comemorava o centenário da "Sociedade Velha".
Transcrevemos a parte que explica como tudo aconteceu:
«Hilário Ferreira obteve, por fim,
contacto com a parte contrária. E obteve-o na pessoa do cidadão e memorialista
da vida associativa desta terra – António Henriques. Homem inteligente,
tolerante e de enraizado amor a Almada (ele, um Incrível-de-todos-os-dias, é o
autor do belo volume de textos sobre o Maestro Leonel Duarte Ferreira, na posse
do Museu da Academia Almadense), António Henriques entabulou o primeito diálogo
“clandestino” com Hilário Ferreira. A tradição da rivalidade era ainda muito
forte e negativa, e havia que ambos negociarem com muita prudência. Tiveram
lugar estes encontros, talvez uns seis, no Café
Paraty, pequena loja que vendia este produto na Rua Direita, onde
pontificavam dois empregados doublés,
de amadores dramáticos, o Jofre e o Aníbal. Às vezes o diálogo prolongava-se
até ao fecho do estabelecimento, às sete horas, e ambos prosseguiam as
conversações na parte de dentro.
A 1 de Outubro de 1948, ano do Centenário
da Música Velha, este diálogo entre dois homens de boa vontade deu os mais
saborosos frutos.»