29/11/24

Carlos Guilherme e o 25 de Novembro de 1975


Se no dia 25 de Abril, Carlos Guilherme estava em Angola (numa comissão que se prolongou no tempo, devido à famosa frase de "nem mais um soldado para o Ultramar", dificultando a vida a todos os que tinham acabado a comissão e tiveram de ficar mais tempo do que deviam e queriam nas ainda colónias portuguesas...), no dia 25 de Novembro, fez parte do comando operacional.

É por isso que republico por aqui, o texto que escrevi no meu "Largo", sobre o 25 de Novembro de 1975.

«Por tudo o que tenho lido e ouvido (as conferências a que assisti na sede da Associação 25 de Abril, com alguns dos protagonistas, convidado pelo meu saudoso amigo, Carlos Guilherme, foram muito importantes...), existiu mesmo a possibilidade de se desencadear uma "guerra civil", no dia 25 de Novembro de 1975, de consequências imprevisíveis, até porque existiam demasiadas armas na posse de civis (distribuídas pelo exército)...

Há três factores, decisivos, para que só existissem três mortes, e de militares, nesta operação.

Aquilo que nos nossos dias, ainda pode ser entendido como um "acto de cobardia", também pode, e deve, ser olhado numa outra perspectiva, completamente oposta. 

Foi preciso ter muita coragem, para colocar os interesses do país acima de todos os outros (militares, partidários e pessoais). Refiro-me às "ausências" responsáveis de Otelo Saraiva de Carvalho, de Álvaro Cunhal e dos Fuzileiros (que não saíram da sua unidade, para "desempatar" a batalha entre Comandos e Paraquedistas...), decisivas que que este golpe militar fosse controlado por todos aqueles que defendiam a democracia.

Isto só foi possível, porque o Presidente da República era o general Costa Gomes, uma das pessoas mais ponderadas e inteligentes, do "Verão Quente". Foi ele que conseguiu que o Otelo, o Cunhal e os Fuzileiros, ficassem em casa...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)