15/09/15

António Henriques: as Palavras dos Outros (3)


«[...] Ainda hoje não consigo classificar o António Henriques, personagem impar da Incrível. De modos muito cordatos, um pouco reservado senão distante, uma escrita que me parecia barroca, louvando a Incrível e as belezas de Almada. A Vila foi elevada a cidade em 1973 no período sobre o qual estou a escrever. Sinceramente não lograva nos escritos do António Henriques as belezas que ele cantava. Almada velha tinha sido paulatinamente destruída, e quanto isso deveria ter doído ao António Henriques, e a parte nova não era para mim algo assim tão belo para ser louvado. Mas o amor que ele punha naquilo que escrevia, esse sim, comovia-me. Agora penso que o António Henriques via algo que eu não vislumbrava. Além da grandiosa vista sobre Lisboa, ele via o pulsar da cidade, via as gentes nas suas actividades, via a alma onde eu via a pele. [...]»


                                                                                        Fernando Pina


                         (in "António Henriques, O Associativista e o Historiador de Almada e das Suas Colectividades")

Sem comentários: