Carlos Guilherme, na sua intervenção na
mesa de honra do lançamento da biografia de seu pai, leu um texto inédito da
autoria de António Henriques, de agradecimento, que publicamos com a devida
vénia, que ele infelizmente não pôde ler, por ter falecido poucos dias antes da apresentação do II Volume da sua história da Incrível.
Exmos. Senhoras e Senhores
Começo por agradecer a presença de V. Exas.,
e as palavras generosas que me dirigiram e que por benevolência da vossa
extrema simpatia, elevaram algumas qualidades que eu possa ter, mas lançaram no
esquecimento todos os defeitos.
Porém, o próprio erro da perspectiva é
motivo para penhorado agradecimento.
E faço-o sensibilicadamente nesta
querida Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, devendo considera-la a
segunda mãe de todos os incríveis.
Neste vosso amigo e companheiro existem
em simbiose:
- O menino que procurou e conseguiu
ultrapassar momentos algo espinhosos da vida.
- O jovem que viveu os desencantos e os
encantos da luta pela liberdade
- O Homem que consagrou quatro templos
do amor:
A Família
A Nossa Filarmónica
Almada
Os amigos
São difíceis os caminhos da vida.
Partilhar, contudo, esses caminhos com todos os amigos e entusiastas da nossa
Incrível foi a fórmula mágica que me guiou na vida.
Foi uma bênção poder compartilhar ao
longo dos anos o entusiasmo posto em todas as iniciativas.
Dias, noites, semanas, anos de trabalho
insano, mas por mais defeituosa que tenha sido a nossa colaboração, está a
encher-nos de orgulho e a deixar-nos a certeza que valeu a pena.
Não podemos por orgulho ou estúlcia
concluir que o homem enquanto parte integrante da sociedade civil em que
vivemos aperfeiçoou inteiramente, a ponto de considerar-se satisfeito por ter
conseguido realizar, na prática, todos os seus ideais éticos e humanos.
Bem pelo contrário, embora isso seja
para muitos, difícil de admitirpensamos que o homem comum que somos, continua
igual a si próprio, e bastante longe dos raros indivíduos que transcendem em
muito os seus concidadãos, libertando-se da lei da morte, com obras que vão
ficando.
Todos somos, por mais doloroso que nos
seja verifica-lo, responsáveis, com acções ou reacções, interesses ou
desinteresses, orgulho ou servilismo, pelo estado actual das coisas.
E de nada valerá ficar á espera de um Messias
ou de um Salvador, enfim de um Milagre.
Se não fizermos nada, nada aparece
feito. Se não lutarmos não saímos derrotados mas, de certeza, não seremos
vencedores.
Nada é definitivo, mas os homens que
foram arquitectos e os continuadores da existência da nossa Incrível lutaram e
triunfaram…
A OBRA ESTÁ À VISTA: levar a cabo, não digo, num plano inovador mas a simples e regular
manutenção da marcha de tudo aquilo que já está edificado, montado e equipado,
cativar a juventude, subtraí-la á pecha da droga, da prostituição, enfim da
destruição, é tarefa para gente capaz e altruísta.
Sinto-me orgulhoso da nossa Incrível,
uma plêiade de homens incondicionalmente disponíveis, a deixar para segundo
plano os seus interesses particulares e imediatos, e através de uma unidade de
acção conseguir!
Quantas vezes sem olhar a “Sangue, Suor e
Lágrimas “ elevar bem alto a nossa bandeira.
Minhas senhoras e senhores, resta-me
agradecer-lhes mais uma vez, todas as gentilezas e pedir desculpa por não ter
conseguido ser tão simples e tão directo, como naturalmente gostaria de ter
sido.
Bem hajam, e que o exemplo de todos vós
frutifique e possa ser o estandarte das experiências vividas da entrega total e
do saber acumulado ao longo dos vetustos 142 anos da nossa muito querida
Sociedade Filarmónica Incrível Almadense.
Para terminar: VIVA A INCRÍVEL!
(António
Henriques)