22/09/15

Poemas com Dedicatória (3)


Para o António Henriques

Foi no reinado de Dona Maria Segunda.
E havendo já alguns antecedentes,
As filarmónicas começavam as suas natalidades.
Há uma imagem já profunda
De futuros compromissos atraentes,
Que iriam desaguar em Liberdades.

Em Almada, a primeira, a Cabralista,
Criada para servir a política,
Apareceu de uma forma inusitada:
Só tocava para a direita Cartista.
Era uma coisa tão monolítica
Que acabou seus desígnios à pedrada…

Dois anos mais tarde, em quarenta e oito,
Após umas lotarias tão desafortunadas
Entrou-se no “põe aí” como quotização.
Era um plano já muito afoito,
A modos de se fazer uma jangada
Que levasse a bom porto de salvação

E p’rá frente era o caminho
- Aqueles homens não eram gente de torcer –
Teriam de fomentar uma questão plausível
Que seria a construção do próprio ninho
Um ninho que desse mui trabalho e mui prazer
E que nunca fosse razão Incrível.

Se Incrível ficou na posteridade
Foi um desafio para o futuro,
Para outros que haveriam de surgir,
Pois só assim desfilaram, perante essa Sociedade
Anónimos que elaboraram trabalho muito duro
E deram grandes lições de fraternidade.

Mais tarde, surgiu o António Henriques,
Que removeu montanhas e descobriu papeis
Para escrever uma história gloriosa.
E, sozinho, sem criar despiques,
Mostrou que além de Henriques, pai dos reis,
Havia outro, o da Incrível tão ditosa.

Nasceu para isso o nosso amigo:
Para o amor, para o afã, p’ra sua Incrível,
Para estar bem junto a este povo tão esquecido,
Porque, qualquer dom nasceu consigo
Na demonstração de que tudo aquilo era crível
E que Portugal tinha ficado enriquecido.


                                     Fernando Barão

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